A meu pai

Pai, ternura e força é tua mão,

que me pegou no colo e me levantou

às estrelas dos sonhos que sonhaste para mim.

E eu sonharei também, um dia,

para meus filhos as estrelas,

como tu.

Mesmo quando foste tempestade

em mim tua imagem era brisa,

pois tua palavra sempre foi conforto

mesmo quando era castigo.

E a tua mão,

que às vezes era pétrea,

sempre foi amor.

Por vezes vi tua fraqueza,

meu grande herói curvado.

Quase um Quixote em seu cavalo.

Mas não és menos poderoso

que um Hércules ou um Aquiles.

Podes não carregar

um planeta em tuas costas

Mas não raras foram as vezes

Que me tomaste aos braços e me levantaste.

Sei que não és perfeito,

que tens em teu peito os instintos matizados,

comuns a qualquer homem.

Mas sei também que em teu peito

e em teus feitos

hei de me espelhar-me

a fim de tornar-me Homem

como o Homem que tu és.

Quando chegar ao fim a tua chama,

que se chama vida,

quero que saibas de uma coisa, pai.

Viverás através de mim, teu filho,

e nós dois

através dos meus.

Pai meu,

posso agora dizer que te amo.

E hei de amar meus filhos,

como sei que tu me amas.