castigo merecido

sempre ternuras sombrias

nas horas de solidão,

quando não estás mais por perto

tudo parece um deserto,

sobras da imensidão

e há esse medo no espaço

zombando do que respiro,

passos enganam o ouvido,

vozes chamando o marido,

quanto mais penso, mais piro

no ronco da trovoada

o desespero é audaz,

chuva que lambe a vidraça,

vento fazendo arruaça,

nada me diz onde estás

no meio dessa tormenta

às vezes vem a lembrança,

tua camisa listrada

sobre a cadeira jogada,

restos de uma esperança

acendo o fogareiro

e do progresso me rio

quis ter contigo o futuro,

mas hoje está tudo escuro

e não encontro o pavio

se hoje tenho a liberdade

que algumas vezes não tinha,

sabe o que faço com ela?

jogo-a pela janela

ou ofereço à vizinha

mas me concedo a desculpa

por não viver mais contigo,

se acaso fui preciosa,

mui companheira e amorosa,

então mereço o castigo

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 03/07/2013
Reeditado em 04/07/2013
Código do texto: T4370499
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