AMOR PASSAGEIRO
Tudo que espero não vem dos planos que faço:
pois que finjo esquadros nas mãos
e planejo traços modernos,
versos cifrados,
composição sem rima,
orações descoordenadas.
E sucessivo, desperdiço.
Esperava o amor fazendo planos – pois que finjo esquadros nas mãos.
Meus olhos famintos dissimulam
tristes a suspeita que seguiria o comboio
dos deslocados sentado a reparar a paisagem da janela.
Solene ardil: que tem a lua de chama
se fria aparelha-se no lago, na escuridão mais densa
e ainda ilumina do alto colocada
tua face então oculta ¿
Inventado personagem distraído...
calo sem meter a raiz amarga do medo
goela abaixo.
Te esperava fazendo planos,
e não entendo-te inesperado,
insuspeito, decidido.
Deves ter sido a paisagem
e eu do teu lado
- todo o tempo passageiro nesse mundo -
a distração sentado.