DE-VERAS
A Vera da infância me roubava poemas
Nas festas juninas, com marias-chiquinhas
Dela eu roubei - não me esqueço - uma coisa apenas
O beijo debaixo de uma chuva só minha
A Vera dos quinze eu beijava no cinema
Pássaro cantor, debulhei-me em serenatas
Dançávamos sempre a mesma música lenta
Contudo a família mudou-se e eu perdi a data
A Vera madura beijou-me sem pudor
Ferimos a carne com a luxúria insana
Numa história cheia de traições, roldanas
Engrenagens frias e sonetos de dor
Hoje as primaveras vêm e vão sem ver Vera
Nas manhãs careço de uma Vera menina
A Vera da tarde adolescente é, deveras
Mas, na madrugada, a última me alucina
Enviado por Jimii em 11/09/2007