Quando se vai a poesia

Paixão

De vez em quando Deus me tira a poesia. Olho pedra, vejo pedra mesmo. O mundo, cheio de departamentos, não é a bola bonita caminhando solta no espaço.(Adélia Prado)



E quando a poesia se vai
O vazio é inevitável
O oco
O cinza
O abandono
A solidão


O arco-íris some no horizonte
A Lua só brilha no Japão
E o coração se confrange
Qual lagarta de volta ao casulo
Arrependida de borboletear
Sobre as flores
Com os colibris

Se a paixão deixa de ser
O que fazer vira dúvida cruel
A vontade se perde ao léu
E tudo vira rotina
Obrigação
Razão
E nada mais!


E se o olhar só vê o que é
E se o óbvio é o que fica
Não há mais boniteza na vida
Não há!


E se Deus me tira a poesia
Por um dia
E me destitui da paixão que me habita
Não mais serei eu
Nem me reconhecerão
Os que sabem de mim
E dos meus versos

Não quero ver do mundo
A exatidão
Nem o que parece ser
Do meu amado
Também não


É a poesia
O sentimento
Que me completa
Que me faz fazer a festa
Do estar no mundo
Como sou


E se o meu amado
Não me vem mais
Com a fantasia
Se o seu olhar perdeu a magia
E não mais se torna uma galáxia
De ternura ao me ver
Pode ser uma provação divina
Ou até mesmo minha sina
Que tentarei compreender
...

E os meus olhos se voltam
Para o céu e veem dois corações
Em meio ao azul da imensidão
Ah,não posso ver somente o que é!
amarilia
Enviado por amarilia em 10/09/2013
Reeditado em 09/05/2014
Código do texto: T4475210
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