CURAR-TE
Queria curar os males na tua alma
beber o medo que solidifica tuas lágrimas
e faz crescer nos teus olhos um deserto
Queria levar os teus sonhos no colo
até pousá-los onde sempre desejaste
mas nunca lograste que chegassem
Queria andar descalsa pelas pedras
que roem teus cansados sapatos
até fazê-las moles com a pele minha
Plantar no teu caminho uma rosa
purgar todo veneno da fonte que bebes
Semear aromas de amores e amoras
que a borboleta sem saber fecunda
Libertar-te da dor que te come por dentro
até desassombrar o sol que nasce em ti
E depois curar-te de ti mesmo
dos vízios que te indefiniram tanto
Queria devolver o brilho aos teus olhos
fazer fluir os sorrisos que levas dentro
e curar-te logo do teu próprio espanto
E quando me digas, quando me peças
curar-te ainda de mim, da minha presença
Concha Rousia 20,9,13