COMO FOLHA DE OUTONO

Perco-te, minha vida, no mesmo rio

em que tentei salvar-te

Como folha de outono

me atirei sem pensar

me atirarei sempre, mil sempres

só por sonhar-te a salvo

Desterrada da árvore que amei

aprendo a viver sobre a tona do rio

como folha que mora em desarraigo

Em águas geladas, sem cor, avanço

como triste sereia que perdeu seu canto

ardendo no lume da desesperança

sabendo que de ti nada me mata

E mas eu morro, num vogar sem vida

como folha de outono

Concha Rousia 24,9,13