Dias outros...
Quando dormimos dizeres que me amas?
Quando levantarmos lembrará em ter dito?
O café está esfriando
Rir sem querer das bobagens da vida
Você chamou-me a dançar
Dançamos na chuva
Dançamos nas tristezas, e alegrias
Certo cuidado quanto a isso
Podemos pegar um resfriado.
O uísque que bebo não é pra comemorar os momentos tardios
Há um dizer certo para cada constância
Nem se diga antes que se pense
O despertar da fugacidade, do cotidiano
Despertemos pra vida!
Subjugamos as incoerências
A mesa mal posta, o brigadeiro quente no fogão
Na varanda as desculpas da vida
Inocência que vede no coração.
Quando dormimos dizeres que me amas?
Quando levantarmos lembrará em ter dito?
Não obstante, a vida continua!
A cerâmica da nossa casa é azul
De quaisquer desordens não leves em questão
Da loucura, quero que leves somente a lucidez
Somos eternos loucos sem razão.
Acenda a luz da cozinha!
A geladeira há tantas coisas imediatas
No saguão, o temperamento das manhãs
No quintal, nossos filhos a brincar
Mãos sujas de barro
Sentimentos conquistados.
Quando dormimos dizeres que me amas?
Quando levantarmos lembrará em ter dito?
Temos a inércia de outros dias
Dias outros: passo na banca de jornal
Dias outros: assistamos a um bom filme.
Conquanto, quero que fiques sabendo do rabisco de contentamento feito ao chão
Desenheis o arco-íris
Nem sei se perfeita estás
Todavia, a perfeição agora é o que pouco me importa.
Quando dormimos dizeres que me amas?
Quando levantarmos lembrará-se de ter dito?
Viver o inusitado da vida
É tal como jogar três moedas na fonte e murmurar três pedidos
Propositadamente pego o metrô
Outro dia vou de trem, ou no meu carro, um táxi, ou ônibus
Precário são as localidades
Duas moedas não lhe garantem o retorno aonde quer chegar.
Quando dormimos dizeres que me amas?
Quando levantarmos lembrará-se dos dias comuns?
Dias outros...
Um dia ao outro
A ponte...
A travessia para o sucesso.
(Carlos André)