Registros físicos de saudade.

Toca o meu seio, diga a verdade:

tu não sentes a mesma saudade

que, aqui dentro, como nunca arde?

Como posso crer que "é muito tarde",

se há a luz e a cor na tua lembrança,

se me vejo tão mulher e tão criança

se me encontro com a tua aparição?

Olha meus olhos, e veja o coração

que se denuncia na pupila dilatada:

Como esconder a história apaixonada

que norteou grande parte do viver

tão meu; como hei de te esquecer,

se há tanto eu ando me empenhando,

e tua imagem vai me perturbando,

seduzindo, na hora mais desavisada.

É quando a alma se vai, apaixonada,

se perdendo na saudade ressurgida.

Tira a mão de mim, pulsação sentida

já está gravada na sua memória.

Não, não quero regredir a história;

não, não posso reinventar situação.

Só quero viver, mesmo na solidão,

a liberdade de sentir, sem temer;

o amor tão vivo, evitando morrer;

o brilho platônico, tão puro e real;

o anseio calado, intenso e animal...

Vá, agora, vistes já o suficiente.

Fuja agora, enquanto a mente

registra o teu repentino escapar...

Eu sei, um dia irás retornar.

Para uma noite de curtição.

Para curares a tua solidão.

Por uma crise de saudade.

Para tentar uma amizade.

E, eu aqui, deixo o peito pulsar

mais forte ao te ver voltar...

Thaís Soledade
Enviado por Thaís Soledade em 15/10/2013
Código do texto: T4526810
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