CULTIVO
 
 
Sou tempo deitando sonhos
em jardins coloridos.
Sou lua em todas as fases,
olhar que traduz sentimentos
e infinitas lágrimas colhidas.
Sou noite, onde o silêncio
em horas lentas confessa
segredos...
Sou metade nas saudades
e partidas...
Criança na imensidão dos medos!
Sou dia que engole a noite
e traz aquarela-renovação.
 
 
Sou vida em estações:
-Na primavera desperto florida,
no outono sou folhas desgarradas
valsando com o passante vento,
na invernia sou nova gestação
no porto abrigo do ventre.
No verão sou paixão que alucina
e em seu corpo indecente
sou mulher no cio, amante e ardente!
 
 
Do passado sou herança, lembranças
que em corredeiras borbulham dentro de mim!
Sou anciã esquecida da esperança
que na lassidão da espera vazios tece.
Entremeando começos, meios e fim,
pois na invernia da magia o sentir arrefece
e o sonhar cansado adormece...
 
 
Acordei chuva, trigais, terra molhada,
alma bordando na pele tudo que sente...
Sou colheita de versos paridos,
inquietos, nostálgicos, profanos!
Sou gotas de orvalho que brotam
salgadas, castas, indecentes
e mesmo que ainda queime a cicatriz dos enganos,
não nego que amo, e avanço semeando!
 
 
Sou poesia que floresce em qualquer estação,
grão de promessas e encontros, orvalho e flor!
Seiva bendita que em mim habita, emoção
colhendo crepúsculos em estesia, pois cultivo o amor!

2013

 
 
 

 
Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 21/10/2013
Reeditado em 21/10/2013
Código do texto: T4535034
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