POEMA QUASE SEM SENTIDO

A cidade fechou os olhos.

E se cobriu com o lençol da noite.

Mulheres nuas trafegam

pela estrada de meu sonho.

Ela se foi e levou

minha melhor parte.

A mão dos operários,

cálidas mãos de operários,

acariciam, afagam

o corpo da mulher cansada.

Ela partiu e partiu

em dois o meu sentimento.

Ladrões se escondem.

Um policial cantarola

um samba de Cartola,

enquanto um incêndio começa.

Ela caiu fora de meu barco:

o mar levou seu rosto para além.

Não temo mais a morte.

Ela pode vir,

estou mesmo nu e ferido.

Beto Carrasco
Enviado por Beto Carrasco em 23/04/2007
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