VOCÊ
Sem igual, você é sonho,
Praia bela dos litorais da eternidade,
Diamante negro, ou cisne branco,
Espírito da primavera em corpo de mulher,
Talento para a paz, e vocação para o amor.
E eu, entre os girassóis e as estrelas, suponho:
Venha a mim a noite tenebrosa que ainda vier
Pelas estradas dessa vida que palmilho tanto,
Que andar por essas estradas é a minha sina,
Hei de estar sempre na sombra de sua luz,
Candelabro que me ilumina,
Desde o berço até à cruz.
Sem igual, você é luz,
Estrela de primeira grandeza que brilha sempre e tanto
Que me absorve de mim mesmo e me doa à eternidade,
Ninho onde nossas almas se enlaçarão, quando vier,
Libertadas das pedras desse negro caminho branco,
Onde os nossos sonhos eternos foram pregados na cruz.
E eu, perdido na distância que separa o beijo e o amor,
Com a alma deitada sobre o leito dessa distância, suponho:
Entre o amor, ainda que centelha, da idealizada mulher,
Que me resgata dos vales sombrios da morte e me ilumina,
E o amor do mundo, desejo ardente, mas vazio de sonho,
Prefiro o dela, porque é sonho, porque é luz, porque é sina.