Sem Tinta
Tua caneta sem tinta
Fere-me, a folha inteira.
Quando passa, me amassa,
Suja-me sem me sujar.
Não existo pra esta falta de cor
Não aprendi a ter estas marcas.
Não é porque se achas leve
Que irás me levar.
Confesso, já peço, já nutro não ter.
Tentei viver do não visto,
Dos olhos focados, do falso...
Não dá!
Se já riscou o mundo inteiro
Qual pouco sobrou em ti?
Minha pauta quer tinta nova
Amor novo pra se pintar.
Descanse do teu esforço, da ira no rabiscar
Já pinga a presença do nada...
Ou faça em mim arte escrita,
Ou desista. E se vá!