AMOR DE CINZAS

No negrume corredor da noite

São muito longos meus vultos ancestrais

Divago no céu infestado do meu inacabado pensamento

Como nuvens carregadas pelos ventos e seus açoites

Mais a gravidade só me emprenha de vento...

E sou peso como todos os demais elementos

Como posso te dizer adeus...

Se sem você meus sonhos são ateus

Sem você passo a não ser realidade

Sou fé sem sacralidade

Sou mendicante sem seu lar

Eu bebo a embriaguez serena de teu ar

Pra sobreviver brinco no vórtice de teu jardim

Não posso tirar-me embrenhado de dentro de ti

O que vive eternizado e incrustado por dentro de mim...

Sem você passo a ser roupa estendida no varal

Nada para me vestir

Sou cinzas neste carnaval...

No outro dia após a etílica ebulição

Todo mundo volta á sobriedade

Sua maior carnavalesca alucinação...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 25/02/2014
Código do texto: T4705192
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