CHÃO

Abre as janelas dos teus olhos e vê se me enxerga...

Eu tô aqui abrindo mão de todo meu orgulho e o que ainda me resta de dignidade.

Desajeitado que sou tento dançar no meio da rua pra chamar tua atenção, pedir teu perdão.

Você se foi sem ouvir e desde então, o acaso virou espera, alegria ansiedade, chuva uma saudade, o elevador não pára mais nos andares em que chamo, a paixão se tornou uma peste e abraço armadilha.

Volta.

Você começou mudando meu mundo. Se livrou dos meus bagaços, me chamou de seu menino e fez dos seus abraços - Porto. Acolheu minhas mãos nas tuas, trouxe cores numa paleta nua e desconhecida.

Acabou com meu silêncio, povoou meus vazios com seu canto, encanto, com as palavras certas em tempos errados. Alinhou meus pensamentos enquanto afagava meus cabelos - me fez ver coisas com seus olhos de águas vinda de outros oceanos.

Irreverente, calou minha boca com seu beijo cheio de infinitos, despertou no meu corpo o desejo de decifrá-la. Olhou-me de frente, desnudou meus segredos sendo minha cúmplice, rasgando a quietude com tua gargalhada, misturando doce com salgado, sendo minha menina.

Aqui e agora cercado de estranhos, olhando o céu, chutando latas invisíveis, flanando na chuva, tudo que quero é ver você.

Danço pra te encontrar. Distraída. Querida. Perdida em muitos sorrisos, sem nenhuma razão de ser.

Amar é profundo e nele cabem todos os versos do mundo diz a música.

E eu aqui,simples, desnudo, quase mudo, só te peço pra voltar...