AMOR DESCONSTRUÍDO

Cada sulco, cada lanho, cada veio, cada ruga... cicatriz, forma, fuga, freio!

Não tem tamanho, é caos, é flor, machuca, entorta...

Arranca espinho, adoça, me encanta como se teu som me fosse, de puro enleio

Toda a minha alma grita, chama o teu nome gritando o meu

E eu nem sei quem sou ou que nome tenho,

Só sei partir, acabo tudo sem chegar ao fim

Não sei ser quem devo, pra ti, que me bate à porta

Arranho cada parede, choro, mancha-tapetes.

Eu me absorvo na tua inexistência, tu és quem não és e eu, não sou o que fui!

Perdi de existir e estou à margem, perdido na margem

Calado, sem voz, mudo, em silêncio

Faísca em que reflito a pequenez da tua grandeza, de ti, que nem existe

Cada sentimento decomposto em átomos ansiosos, cada reação

Mecânica de frases feitas, antiprática perfeição.

Quem sou ela, por quem sou ele? Do quê não tu, por que não vem?

Desgasta minha pele, dilui o meu suor, macera os meus ramos

E da minha essência, corrompida, conspurcada

Sairá do teu corpo, dolorido, de tua fonte

O sentimento mais sublime, virulento

Um tal amor, com insanidade, com tortura

E o desespero do desejo

Quando nada mais restar, é essa a ardência que trará da margem

E te transformará, no espelho da minha imagem.

Mah Mendonça
Enviado por Mah Mendonça em 14/03/2014
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