Mulher de Amor

Rastejo o forte porque

sobrevivo de seus anfortes,

rastejo o poderoso,

pois dele ilumina meu

pandemônio.

Vida desregrada,

vida pendulada,

vida encurralada

Ah! vida toda amarrada!

Moro no centro,

no âmago de tudo,

onde passa o trem,

onde codornam as aves.

Moro bem no meio,

entre o céu e o inferno.

É uma barulheira zoada

pois o rebuliço é empacado

bem junto, bem perto.

Sou de junho,

nasci em Malpasso.

Sou de passar,

de andar,

sou forjado em puro aço.

Mas, às vezes dói:

não ter com quem falar.

Vira daqui, vira pra lá

é tudo o mesmo:

o mesmo gradeado!

Sou pandemônio vivo,

por isso me trancaram dentro

de mim;

pra prevenir mais fugas

interiores;

senão me colocam numa carroça

que não tem fim.

Também, quem mandou nascer

desse jeito maldoso, cheio de cor?

Quem mandou perder,

no primeiro sol da manhã,

a última mulher de amor?

roxy do rio
Enviado por roxy do rio em 29/03/2014
Reeditado em 26/07/2014
Código do texto: T4748366
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