Danos e Perdas

Meu caminho é grasso,

mas não é torto;

é vivaz e compreendido

pelos chegados e aparecidos.

Tenho pouca religião;

tenho medo

do que possa surgir

das entranhas do céu.

Acho que puras

e reluzentes estrelas!

Mas quem duvida?

Eu duvido e me amedronto

como pássaro,

que arde na chuva,

sob pingos ponteagudos.

Não sou eslavo,

nem sei onde fica.

Se tem alguma coisa

que perdi foi a noção

do tempo!

Mas que tempo é esse?

Tempo que me sacode,

que me força a meditar,

que qualquer vento ameno

me faz derrubar?

Sou brando, e não grego.

Nunca fui lá, mas sei,

de antemão, que tudo

nasceu por lá.

Se o tempo me carrega

leva também memórias

esquecíveis dos outros.

Não sou eu sozinho.

Não carrego fardos ao léu.

De princípio tinha a coisa

de amor, preferências

vagas e prementes,

e vários sentidos.

Hoje ficaram as lembranças,

o pouco do tempo e a eterna

indecisão:

Não posso partir, nem ficar.

Tenho que aguardar

como se aguarda

um trem.

Se ele apitar para mim

é o sinal da cruz!

Ave!

Hora de embarcar.

Seu tempo chegou:

agora é partir pras nuvens

e saborear lá de cima

a solidão da luz

e o fragor do sol.

Se sou assim, assim sou eu.

Pobre, esquecível,

e sitiado por ânsias e

deveres.

Ora, meu tempo de deveres

morreu no jardim de infância.

Quando meu pai foi junto.

Quando minha mãe, enternecida,

também resolveu ir.

Perca de família?

Pregaram peças de solidão

montandas pelos homens

que encapuzam em mim

e fizeram de meu dorso,

campo de batalha campal!

Mas, perda em família?

E se é, é mal nem contar!

E a vida levou

todos.

eu, fiquei

pensando

meio-bruto:

que tanto amor

eu perdi ?

por quê? meu amor ?

roxy do rio
Enviado por roxy do rio em 29/03/2014
Reeditado em 26/07/2014
Código do texto: T4748395
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