Maria Sem Mar

Sinceridade é coisa particular,

arejada, batida de ventos,

soleira da lua,

plataforma da agonia.

Preocupação tem,

quando a ansiedade raspa de mansinho,

a solidão fica alerta,

senão tudo afunda pertinho

no nosso caminho.

Sinceridade é coisa particular,

tem pureza e qualidade,

já testada e aprovada.

Mas carrega no seu espaço

tão miúdo

fácil intimidade.

Fico de reserva.

Pois o coração apronta cada uma,

junto com os caminhos da vida,

e a gente não liga, mas acontece toda

hora.

Com caminhos, só de idas!

Dizem que acontece com todo mundo

Comigo, vá lá, carregou uma vez:

me atrelei num rosto de mulher

que tinha tudo o que um pomar

de bom possui:

beleza, probidade e acalanto.

Chega a ser uma história simples

mas as coisas simples é que dóem mais:

foi ela me largar

depois de vários natais

e me subjuguei ao ócio

e a perenidade que

toda leviandade destrói e ata.

Fiquei pó,

fiquei doente

tão de repente.

Fiquei mascado e dolorido.

Afinal foi a única mulher que

amei e, hoje,

vivo de porta em porta,

procurando rabichos da saia

dela.

Um grego sem mar!

Mas só encontro marinheiros

sem navios

e capitães sem naus por inteiro!

Sem ela,

Sou agora vazio assim:

um mar grande e radioso

batido, plácido e de cor carmim !

roxy do rio
Enviado por roxy do rio em 30/03/2014
Reeditado em 04/04/2014
Código do texto: T4749793
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