Vez do Tempo

Uma coisa de cada vez,

que seja sem impacto

ou lágrimas.

Uma coisa por vez

que seja você

meu amor de fato.

Que passem os primeiros,

depois os segundos.

Fico por último.

Minha fila é curta e tem nódoas,

tem lembranças, muros

de ferro,

fornalhas de queimar

e gente que sobe e desce

uma escada sempre parada.

que se não é a vida

é a chegada da morte.

Uma coisa de cada vez,

não sou prumo de muro,

nem argamaça de parades.

Sou azul, da cor do

céu,

e de breu,

quando cai à noite.

Passem um e dois.

Fico por aqui porque

minha vez

não é essa.

Uma coisa de cada vez,

e que ninguém chore em vão.

Há guerras por aÍ,

desastres há toda hora.

Coisas mais sérias que

os homens não são donos.

São passagens deles.

Por isso, vou devagar.

Minha trilha é temerosa

e de poucos metros.

Uma sobe,

outra desce.

Mas estou nela.

Caminho a seguir.

não sei bem,

se estou vivo

é bom sinal prá mim.

Ou morto de carmim!

Mal sinal... mal sinal!

Mas ainda consigo pensar nela

e saber que tudo isso

existe, às vezes

só em terças partes,

mas existe,

e se estou aqui

é porque me querem.

Mas já me vou, pelo mesmo

caminho que me trouxe.

Se ele me leva lá,

nao sei.

Mas parado não fico!

Os parados são alvos de flechas,

e de inquisidores.

Vou andando na trilha dela.

Se encontrar, muito bem,

senão, volto, pelo

mesmo caminho.

Mas que seja uma coisa

de cada vez.

E eu como sempre,

sou o último a acompanhar

o enterro dela.

Se não é verdade, perguntem

ao homem mais perto.

Ele não sabe mentir.

E disse mais: dessa eu não escapo,

dela perdi pra sempre,

um verdeiro lapso

da natureza.

Agora é cinzas.

E não é Natal.

Mas dela eu vou continuar a cuidar,

mesmo assim, de toda sua beleza,

imersa em vazios e sombras,

que só de pensar dá medo

em gente grande!

roxy do rio
Enviado por roxy do rio em 30/03/2014
Reeditado em 26/07/2014
Código do texto: T4749796
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