Franco e Azul

vento que bate. vento

que assola e amedronta.

vento do norte que

parece vir da própria morte.

ah ! pouca sorte !

mas traz um dedal

e uma esperança

e que ela carregue

o que restou

entre feltros e agulhas.

tudo à espera do amor puro.

em mechas de franco azul,

onde a roupa desliza na carruagem.

no pois é:

é a rainha do conosco.

ah! de mim,

fico mesmo

na aragem.

pois tenho três fitas

de mechas da donzela:

rosa, vermelha, amarela,

e uma chamada de 18 anos.

e tenho três cartas de despedidas.

três abismos de adeus.

e tenho três pontos de agulhas

invisíveis aferroadas na paisagem.

todas a perdi. e se a perdi, foi longo.

se nunca a ganhei, foi maior:

dias e dias à procura.

hoje me dizem:

foi melhor assim...

mas quem tá de fora,

só não carrega a cura e o alento

não sabe que dor tem nome.

por isso meu nome

é voz corrente !

ah! digo eu,

não foi não.

me perdi dentro

de mim mesmo.

e também

a perdi na roda que o mundo dá:

um dia ela se vai carregada

pelo aprumo vento,

e no outro, volta,

trazida pelo dono do sol.

roxy do rio
Enviado por roxy do rio em 30/03/2014
Reeditado em 26/07/2014
Código do texto: T4749803
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