Franco e Azul
vento que bate. vento
que assola e amedronta.
vento do norte que
parece vir da própria morte.
ah ! pouca sorte !
mas traz um dedal
e uma esperança
e que ela carregue
o que restou
entre feltros e agulhas.
tudo à espera do amor puro.
em mechas de franco azul,
onde a roupa desliza na carruagem.
no pois é:
é a rainha do conosco.
ah! de mim,
fico mesmo
na aragem.
pois tenho três fitas
de mechas da donzela:
rosa, vermelha, amarela,
e uma chamada de 18 anos.
e tenho três cartas de despedidas.
três abismos de adeus.
e tenho três pontos de agulhas
invisíveis aferroadas na paisagem.
todas a perdi. e se a perdi, foi longo.
se nunca a ganhei, foi maior:
dias e dias à procura.
hoje me dizem:
foi melhor assim...
mas quem tá de fora,
só não carrega a cura e o alento
não sabe que dor tem nome.
por isso meu nome
é voz corrente !
ah! digo eu,
não foi não.
me perdi dentro
de mim mesmo.
e também
a perdi na roda que o mundo dá:
um dia ela se vai carregada
pelo aprumo vento,
e no outro, volta,
trazida pelo dono do sol.