apenas um poema
Queria te escrever um poema que falasse de rios, pássaros e nadas,
como os de Manuel de Barros, afim de chegar mais perto do que és.
Queria escrever um poema e oferecer-te secretamente, como às pedras de Quintana
E que apesar da distância pudesses ouvir...
Escreveria-te se pudesse, míseros versos que fossem, só para oferecer-te tudo o que sinto em silêncio. Mas sinto informar que faltaria-me o vocabulário vasto, as referências empolgantes e as entonações necessárias para que te chegassem (estes meus sentimentos confusos), como realmente são.
Rabisco-te então, apenas possibilidades de textos, contextos e contudo um pouco de nadas, de mim de tudo o que há de mais inspirador em você que me contamina.
Que bom a poesia não carece da tal consumação, para se colocar em existência.
Mas que se fosse preciso, e se por acaso soubesse, lhe faria um poema.