O AMOR FICOU PARA DEPOIS

o amor ficou pra depois

nenhum aceno

nenhum bilhete

somente uma paisagem

inquieta

um vazio de sons

que transforma a respiração

em agonia sinistra

nossos olhares

atravessam

multidões

mares

desafios

eu te vejo

tu me vês

em mensagens líquidas

condenados

ao cometimento das ausências

à travessia das memórias

estaremos às janelas

sussurando

aos mesmos ventos

nas noites

buscando as mesmas estrelas

pressentindo nos abraços alheios

a entrega adiada

contando sóis e luas

que se intercalam

no tempo que arrastamos atrás de nós

repetindo as mesmas palavras e promessas

para não esquecermos até a próxima vida

enquanto isso

lavamos a areia dos olhos

limpamos qualquer resíduo de tragédia

e seguimos acreditando

que esse vácuo é somente

uma pausa entre o

desejo e o sopro do anjo

e o resto do mundo é ilusão

Helenice Priedols