A Viagem
Ela estava desesperada
Porque ia partir pra longe,
Muito longe daqui
E decidiu que deixaria uma mensagem...
Enquanto ele também estava desesperado
Porque ninguém conseguia amá-lo
Assim como ele um dia havia amado...
Na última noite, ela resolveu sair pela última vez
E ele, como sempre, andava sozinho pela madrugada
Sem rumo, sem destino.
Ele olhava fixo naquelas águas
Que corriam sob a ponte
E ela chegou, mansa, do seu lado,
Se olharam por alguns segundos
E ele voltou a olhar aquelas águas
( já não mais tão fixo assim...).
Naquela hora
o silêncio tomou conta da situação.
Ele se encoraja e pergunta
Se ela já havia sofrido alguma vez,
Sensação solitária ou algo parecido
E ela,
Mesmo sabendo que se tratava de um estranho,
Respondeu com lágrimas e um forte abraço.
Ele, ainda comovido, chora também
E permanecem abraçados,
Carícia mútua...
( ELES SE ENVOLVEM MUITO RÁPIDO...)
Depois de uma longa conversa descontraída
Ela volta a chorar e se despede com um beijo,
Vira as costas e vai embora, sem olhar pra trás.
Ele sem entender nada
Implora que ela fique,
Mas é tudo em vão.
Ele continua a implorar
Mas ela faz de conta que não escuta,
Chora discretamente e some.
Com medo de uma nova solidão
Ele corre por todos os lados
A procura de seu mais novo amor
( talvez o único realmente )
Enfim o encontro:
Ela estava no canto de uma igreja
Com seus pulsos cortados,
Caneta, e um bilhete amassado:
“ME ENTREGUEI A ELE COM UM BEIJO,
E ONDE QUER EU ESTEJA
E ONDE QUER QUE ELE VÁ
ESTEREI SEMPRE COM ELE”
Dois meses depois ele descobriu
Mas não queria acreditar:
ERA AIDÉTICA...