ACORDO CEDO

Acordo cedo,

Com os olhos pesados e estrábicos e vejo letras borradas em papel sulfite.

Rabisco por cima com grafite

Tentando formar desenhos descendendo significados,

Em seguida, faço uma releitura.

Trabalho fajuto, horas perdidas,

Mordidas nos lábios, boca ressecada e sangrenta,

Unhas ruídas,

Agonia mimada e birrenta

Ansiedade camuflada de medo.

Sou travesso e piegas

Mas só estão vendo minha alma negra

Só estão ouvindo os gemidos de ontem,

Hoje estou sorrindo, amanhã darei o grito da vitória.

Quero a legalização da Cannabis e do orgasmo

O perdão do meu pai, a suavidade da vida

O sexo com sarcasmo

E o beijo doce e puro de contrapartida.

Se eu me despir

Você vai me negar outra vez e cuspir?

Os livros estão nas mesmas páginas:

A moça da quinta avenida

O velho de Oslo

O menino da Rocinha.

Todas às personagens e eu esperamos por você para terminar o conto

Você completo, um verdadeiro tonto;

Com beijos secretos, agressões espirituais, sarcasmo puro,

sexo refinado, mudanças de humor, ofensas, abraços,

dinheiro sujo e viagens que mais parecem fugas.

Consigo sentir em meus ouvidos o timbre da sua voz grossa e rouca de quem fuma de vez em quando.

Ainda ensaio um sorriso quando me lembro dos seus vícios de linguagem

Por te amar tanto, te livrei de toda a dor

Quis te ver quentinho, dormindo com quem possa ter fazer feliz

Eu ficarei com fotos, gravações, poesias,

Ficarei com os fragmentos, com suas ligações em segredo pedindo asilo.

E com nossa relação, variante ao infinito, quem ninguém nunca entendeu. Só a gente.

Cansei das inconstâncias alimentícias, dos ciumentos pratos quebrados

Éramos almas jovens e selvagens,

A sua era a mais bela.

A minha era ofuscada e inocente, muito imatura para a beleza plena.

Agora, cê ainda ocupa espaço aqui.

Ainda tenho espaço pro meu homem erudito e sensual.

Mas só por algumas horas,

A vida me chama, não posso mais brincar de casinha,

Embora eu amasse a vida de casado.

Preciso fazer minha história, isolar-me de todas as linhas.

Não sei amar direito, machuco, sou árduo.

Só sei amar no papel.

Se me tocar de novo, eu morro

Você não terá mais quem reze por você.

Sou um giro, o vento, o tempo perdido.

Lucas Guilherme Pintto
Enviado por Lucas Guilherme Pintto em 05/06/2014
Código do texto: T4833354
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.