Rendição

Cercado de tal resistência

Lotado de tanta carência

Notei a vil dependência

Era tardia indulgência

Como seguir sem coragem?

Receio de pensamento bobagem

Perdido em total esperança

Sem atalho ou perseverança

Segui adiante sempre sozinho

Palavra vazia de perfil pergaminho

Adega de quase nenhum vinho

Ajuda nenhuma de qualquer vizinho

E quando surgiu igual de repente

Com força mortal de torrente

Loucamente embaça minha mente

Corta aqui dentro sangrando bem rente

Não pude sequer resistir

Tentei em vão às cegas fugir

Por vezes, fraco, quase parti

Assim por pouco quase feri

Entreguei desse modo o Eu por inteiro

Longe de todo possível esmero

Fiz da vida um quase atropelo

Sem pensar no possível desterro

Hoje feliz me pego sorrindo

De todo peito aberto me abrindo

Passado passado que corre sumindo

Presente futuro me abraça bem-vindo.

Fábio Pirajá
Enviado por Fábio Pirajá em 11/05/2007
Reeditado em 25/05/2007
Código do texto: T483677