Como vão meus amores...

Meus amores estão feridos, esquecidos,

Vão todos os dias sem saber,

No canto agonizante da ave sofrida,

Que vê seu ninho se transformando em cinzas,

Nas queimadas de dia, que consomem meu ser,

Que levam as arvores, os animais,

E na maldosa alquimia, transformando a matéria solida,

Na fumaça que sobe que desenha no horizonte,

Que mescla com a nuvem, que chove acidamente no ser,

Meus amores se vão, nas noites, das queimadas reluzentes,

Que iluminam a gente, e liberam espectros,

Nas noites a bailar, a dança mortuária,

Das almas dos seres que se foram,

Confinados em tocas, com medo de morrer,

Meus amores se vão todo dia,

Quando mais uma mentira é contada,

E faz parte do meu ser,

Queria não acreditar nessa gente,

Que se diz decente,

Mas se transformam no pior ser,

Quando queimam meus amores,

E fazem das cinzas e das dores,

Eu me entristecer...