Engano Ledo

Meu corpo sente o frio

Longe de ti não exala cio

No caudaloso curso do rio

Tenta equilíbrio num fino fio

Saudade me toca o medo

Me acorda súbito tão cedo

Sem seu braço de aconchego

Contigo só sonho, meu engano ledo

Bate minha porta a ausência

Entra, segue o corredor, quer permanência

No ar, desesperado, busco sua essência

Suplico, sem receio, por clemência

Noite longa que nunca acaba

Alerta vejo fantasmas na madrugada

Cinzas de mim se espalham, dormem na escada

Procuro por ti, senão o nada

Meu corpo não descansa

Luta bravo e já se cansa

Enfrenta toda a pujança

Quase perde a esperança

Minha mente não dorme

A insônia de afã disforme

Me toma com força enorme

Rezo que eu flua, que me entorne

Na cama vazia, lençóis a postos

Testemunhas da fuga sem remorsos

Sinto gelar meus ossos

Meu coração chora – agora, só destroços.

Fábio Pirajá
Enviado por Fábio Pirajá em 16/05/2007
Código do texto: T488993