O vinho e a sede

Agora que o doce venceu o amargo,

pois, o tempo fez já, seus circuitos;

desilusão sofrerá o devido embargo,

realidade irá pra arena, eu acredito...

Inusitados, os fatos, sei, reconheço,

torcida acabará derrubando o queixo;

Vão nos maldizer, e virar do avesso,

Se querem, que apedrejem, eu deixo...

Só não deixo o anelo de te fazer feliz,

mais nobre das missões bela querida;

pedradas certeiras outras, por um triz,

teu doce amor me blinda, sana feridas...

Irei vagar nos alvos campos té o trigo,

pois, nosso amor tem carência de pão;

e, num recanto inóspito local pra jazigo,

farei sem alarde, o sepulcro da solidão...

Irei esticar bem, o mui alto alambrado,

pra que tua felicidade esteja guardada;

que, a rotina incompreensão desagrado,

a tropilha funesta nunca mais te invada...

Dirão que meu amor te é bem maduro,

moído, dá o vinho certo para tua sede;

radiante, linda, brilharás até no escuro,

tanto que o preto perderá para o verde...

Pós saciada, teu silêncio como se fosse,

coroação do prazer nesse terno enlevo;

vai verter inadvertida uma lágrima doce,

um feixe de luz mostrará, em alto relevo...

Depois de partirmos pratos, inverter tudo,

rasgaremos a toalha vamos virar a mesa;

e, chorar de felizes não bastará, contudo,

como loucos, iremos gargalhar da tristeza...