FOLHA EM BRANCO
Se ponho as mãos no fogo queimo
os pés na terra lamacenta afundo
meu corpo na cama labaredo
minh'alma no vitral flutuo
meus olhos no vazio encho
meu coração na areia mareio
minhas mãos nas tuas ofereço
minha língua na palavra escrevo
meu passado de pé futuro-me
meus ouvidos na concha te ouço
meus gemidos de dor unguentas-me
se deponho as armas constantes que nos oferecem antes da luta
livro-me do velho soldado que em minhas orelhas recita
o poema do recruta que veio para este mundo
procurar a paz e encontrou a guerra
entre aqueles que viviam ao seu redor
colorindo folhas em branco
enquanto o sangue das flores
escorria pela calçada
que dava para os fundos do mundo...