DIAS DOURADOS
Entregar-me à noite, às sombras
Que cruzam a rua abandonada,
Deserta, em nada me ajudaria
A atravessar essas horas longas
Que passam em triste correria.
Então me entrego ao dia, à luz
Fagueira que me afaga a alma,
E à primavera me reconduz,
Como se eu fosse uma palma
Expulsa da palmeira, exilada.
Sou nuvem nos céus da mulher amada,
Tão ricos de luzentes predicados
Que comparo seus fulgores, com razão,
Aos dias de verão: dias dourados,
Tão ricos dos ardores da paixão.