AINDA MAIS

Ria,

ria do poeta que passa com suas rotas calças baratas,

que em seus bolsos riem versos loucos

dos que passam

com suas novas calças...

Ria,

ria do poeta que almoça no restaurante de um centavo

enquanto come a carne de peixes em luta apanhados,

que em sua alma palavras se alimentam

de seu coração navegado;

o papel que apanha para o próximo poema

é o mesmo que, depois do almoço,

jogaste ao chão...

Ria,

ria do poeta que canta amores sem ter um,

que parece triste por não ter um braço para se enroscar;

a teus olhos parvo parece, sem sentimento algum...

Dizes: "como pode viver sem amar?

Vives em qual jejum?"...

Ria,

ria do poeta até quase se engasgar;

isso não fará dele teu inimigo,

compreenderá tua humanidade

e o amará ainda mais...