Virgínia

Éramos, um só, em dois quentes corpos espalmados sob a cama úmida

ardíamos de poesia e tua boca cintilava versos, verbos, ventos, vertigens

eu dizia: - tua poesia é da terra!

tua alma me transpirava e me transportava e me enfeitiçava e me terminava

lá fora a noite e a chuva e a brisa abençoavam

eu não dormia e mesmo assim sonhava e acordava

não ia e voltava

quando dava por mim não estava

não me encontrava

nem mesmo onde nunca estive!

...

não estava dentro, mas entre teu corpo

entre tua pele e teus órgãos e tuas vísceras e tua alma

ocupava um espaço entre teu espírito.

E nesse lugar, de mãos dadas contigo

caminharei nessa grama tão verde e tão doce

até o nosso, tão nosso belo e esperado

... infinito.