contemplação
dispo-te
exponho-te como obra principal
na galeria da minha existência
esqueço a temporalidade
a modernidade líquida
e ignoro a ciência
ao menos por hora
quero apenas te observar
deitado
nu
no leito das minhas palavras
coberto de ternura
tesão
e poesia
meu pulmão arfa
quando num toque cálido
tu me puxas, também
e deixa cravado em minhas pernas
os teus dentes febris
como num pedido desesperado
preu te deixar cravado
inteiro
em mim
eu deixo
e faço-o porque tu me fizeste
vencer o medo de deixar grudado
em minhas entranhas teu suor
perdi também o medo de santos
pois montaria pra ti um altar
e te contemplaria assiduamente
pois até teu nome, meu bem
se inicia com Amor.