NÓS

na minha mão aberta há um vão

o encaixe certo da sua mão

e quando as pernas se enroscam

penso que encontramos a estética

perfeita do amor

o que sobra em você

é o que falta em mim

e nossas almas de mel

adoçam beijos e olhares

mas há dias em que o amor

é tão impreciso

que meu coração faz barulho

de arrastar de móveis

como se o caminhão de mudanças

estivesse à porta

há dias em que as mãos se espalmam

por não suportarem o peso dos sonhos

e o silêncio recolhe as mentiras

que ardem nos olhos como fumaça

nessa inquietude entre fuga e entrega

entre sombra e paraíso

espreito o futuro com olhos de esperança

de que um dia deixaremos de ser os nós

para sermos somente nós

Helenice Priedols