inefável
inefável
o nosso choque
resultou em granizo
esmurrando a janela pela manhã
e no exato momento do trauma
planetas desconhecidos
se colidiram
num encontro cataclísmico
como o nosso
como tuas mãos tateando meus obliquos
acentuados
como teus cabelos nas minhas mãos,
suados
eu não caibo na tua estante
não passo mais por aí sem derrubar alguma coisa
nem que seja dos teus lábios um sorriso
sádico
ou dos teus dedos um toque
cálido
te ensino o que é nocicepção
pois de dor eu entendo bem
e de você
morfina dos meus dias
eu entendo bem, também
seus olhos lúgubres
são como crisântemos
que enfeitam meu corpo
ainda vivo
mas eu sei que nessa história
ainda morro
lentamente
me afobando em claustrofobia
e me vencendo em exaustão
no conforto vácuo do teu peito
que me sustenta e me expele
na mesma proporção