inefável

inefável

o nosso choque

resultou em granizo

esmurrando a janela pela manhã

e no exato momento do trauma

planetas desconhecidos

se colidiram

num encontro cataclísmico

como o nosso

como tuas mãos tateando meus obliquos

acentuados

como teus cabelos nas minhas mãos,

suados

eu não caibo na tua estante

não passo mais por aí sem derrubar alguma coisa

nem que seja dos teus lábios um sorriso

sádico

ou dos teus dedos um toque

cálido

te ensino o que é nocicepção

pois de dor eu entendo bem

e de você

morfina dos meus dias

eu entendo bem, também

seus olhos lúgubres

são como crisântemos

que enfeitam meu corpo

ainda vivo

mas eu sei que nessa história

ainda morro

lentamente

me afobando em claustrofobia

e me vencendo em exaustão

no conforto vácuo do teu peito

que me sustenta e me expele

na mesma proporção

Keuri Caroline
Enviado por Keuri Caroline em 09/11/2014
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