Te espero

Bem, que te quero.

Vem que te espero.

Não se iludas com meu sorriso,

discreto é sua origem, é teu olhar.

Estou certa se digo, és indeciso?

Use metalinguagem, eis meu amar.

Das palavras, uso as que amo,

para ti como escudo e espada.

Reiteradas, és cria de Príamo,

e eu tua Helena de Esparta?

Estaremos nós numa guerra fria?

Nosso silêncio, nossa crenças.

Minhas tentativas, eu temerária.

Nossos medos, as desavenças?

Eu decidia ir, mas voltava.

Eu te via vir, mas paravas.

Os passos dados em torno de outrem

O olhar disparado, braço dado.

E ainda assim, não bate por ninguém.

O coração velado, é teu, selado.

E eu te vi ficar, parado.

E eu te vi lá, a bailar.

O mais belo espetáculo,

alegrou o meu olhar.

Mas, mesmo ali pude ver,

incompleto estava o teu ser,

esperei eu o teu dizer.

Agora tarde para desfazer.

Não vi os sinais,

e acho que enganei.

Meros mortais.

Não, não te ignorei.

Sei que pareceu caso,

mas não, nada, nada, nada além.

Foi apenas um acaso,

teu é meu coração, de mais ninguém.