POR ACASO, DÓI

Entre as sombras da noite,

a mão do amante

visitou o cerne de Mariana.

E, cuidadosamente,

abriu as pétalas

e tocou ali.

Ela fechou os olhos

e percebeu

que nada seria como antes.

Era a mulher em flor,

exposta

a uma boca ciosa.

De olhos fechados,

Mariana viu o mar.

Uma jangada feria as ondas

e o vento cobria tudo

de um misto de calor e frio.

E ela se viu nua

caminhando lentamente

em direção às vagas.

E, quando a boca cessou

sua viagem vadia,

Mariana sentiu

o seu corpo fluir,

como se deitado estivesse

no colchão da branca escuma

de seu mar interior.

Mas a noite cessaria,

Mariana sabia.

E o sol abriria seu leque

de claridade

e o amante partiria

para os terras

do não-se-sabe-onde.

E essa perspectiva fez

que Mariana sentisse,

em meio a muito prazer,

a dor de uma perda.

Wanda Maia
Enviado por Wanda Maia em 28/05/2007
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