CASA SENTIMENTAL

Soltem meus cavalos,

rompam diques das minhas terras,

soltem minhas feras,

só não digam que não encontraram uma certa cor

que recobria um certo sentimento chamado amor...

Voem em meus para-quedas,

saltem em meus abismos,

comam o pão da fantasia,

só não digam que não encontraram aqui dentro

um certo pulsar que me sacode todo chamado sentimento...

Brinquem na roda-gigante,

soltem minhas pipas,

desamarrem os barbantes,

só não queiram que eu viva dentro de um pensamento

que a qualquer hora podem levar os novos ventos...

A hora de mudar não é só na hora da roupa,

trocar de ideias, conceitos, chavões consagrados,

tudo deve mudar de lugar para que a louca

vontade de se reciclar não permaneça para sempre no passado...

Ria, reze, chore, experimente as coisas de todo dia,

erga, ale, levante, pratique com consciência o ato da demolição,

apague o que não convence, viva pela poderosa poesia

que se instalou feito peregrina em nossa casa sentimental,

o coração...