Solitário o coração que perdeu o amor,
Mas não desaprendeu a amar.
Cai em mim um pranto profundo,
Angustiada me ponho a chorar.
O sangue rola entre meu corpo,
Derramando lágrimas de uma paixão,
Se ontem enfrentei mil pragas,
Hoje me assusta a solidão.
Embebi-me com teu amor,
Virei alcóolatra tão de repente.
Levaste-me ao Elísio e ao purgatório,
Ao prometer amar-me eternamente.
Fizeste-me escrava do teu olhar,
Desta ilusão que me consome.
Posso agora seguir além,
Pertencer a outro homem?
Não devo amar-te como amo,
Pois já não sei mais o que quer,
Pisas e desprezas uma menina,
Que um dia fizestes mulher.
Prometeu-me o céu e a Terra,
Para tirar meu único chão.
Minha alma hoje queima,
Aos farrapos da tua ingratidão.
Lembro-me de como tudo era perfeito,
Do teu jeito fiel, amigo, sonhador.
Surge uma dor imensa em meu peito,
Delineando o destino de quem muito amou.
Dei tudo de mim,
Entreguei-me por inteira,
Porque fostes me abandonar?
As noites são longas e cheias de tristeza,
Na escuridão me ponho a sonhar.
Ao esquecimento dos teus carinhos,
Dos teus beijos,
Para só assim,
Satisfazer-me de outros desejos.
Na incerteza em que vivo,
Procurando e não encontrando,
Quebro as algemas do meu ego,
Querendo amar, mas odiando.
Olho para o céu e só vejo nuvens negras,
No inferno desta imprecação.
Extasiado, me dá vertigem,
Pois imortal é essa paixão.
Então ferve coração,
Infestado de uma esperança inconsciente.
Assim, na solidão,
Viverá a amar-te eternamente.
(2001)
Mia Coutinho
Enviado por Mia Coutinho em 21/12/2014
Reeditado em 21/12/2014
Código do texto: T5077118
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