BENS SEXUAIS.

BENS SEXUAIS.

E pela tua carne que herda nosso silêncio

Eu vou bebendo as gotas do tempo,...

Rememorando o nosso tempo de perdição

O fulgor que nossas partes tiveram asilo!

O caos da minha respiração misturada à sua

As luzes escuras de uma alcova luzidia

Onde as línguas falavam uma só língua

Perambulavam em entranhas orvalhadas

Em salivas de água benta, o amor flutua.

No beijo de olhos que rezavam na abadia

Na luta de corpos suados, largados à míngua

Essas serpentes de desejos tiveram suas cruzadas.

Em mãos que disparavam como um coração

A ansiedade era um relógio sem ponteiros

Veias eram dilatadas pelo pensamento,...

E a separação trazia com vigor um estado febril.

Nos cheiros e sabores de abraços de céus no chão

Nossos órgãos se alinhavam nesses desfiladeiros

Na ponta do pé tu me davas o alimento,...

Eras minha ama-de-leite! E eu mamava nesse quadril.

Nos choros de alegria perdiam-se nossas tristezas

Em orgasmos de ignorância, nos fizemos intelectuais

Ser somente um do outro era a nossa ganância

Unir as distâncias era o nosso caminho,...

Percebo, hoje, paixões construindo suas defesas

Criando atalhos para satisfazer seus bens sexuais

Tornou-se investimento, tem preço e intolerância

Olvidaram que todo amor, só prolifera se tiver seu ninho.

CHICO DE ARRUDA.

CHICO BEZERRA
Enviado por CHICO BEZERRA em 06/01/2015
Código do texto: T5092159
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.