Rosado pijama

Então te encontro vestida assim de pijama rosado com lábios adocicados pedindo um abraço e um beijo de boa noite.

Eu penso se devo deixar-te dormir ou se te carrego comigo para o infinito de todo meu amor.

É ao longe e bem perto sua entrada!

Fiz então em meu peito boa morada, guardada aqui e bem aconchegada em colchões inflados de alguns “dó-ré-mi’s”.

Vejo-te meu amor assim sorrindo e o medo se vai...

Mas depois que o sono termina o medo teima em voltar.

E ele volta real.

Já não és mais a mesma...

Percebo-te bem distante, “desamante”, deselegante jogando ao vento todo meu enroscado modo de amar!

Percebo-te deslocada, descolada, mutável como a água se desvencilhando do meu óleo.

Acordo no vazio, acordo ao nada!

Acordo distante em um hotel sujo e mal cheiroso...

Ai que saudade do teu pijama meu amor!

Ai que saudade do teu amor...

As notas que inflavam teu colchão esvaziaram-se. Murchou a flor do jardim da varanda e então tudo está vazio, sem amor, sem paixão, sem cama...

Sem teu rosado pijama!

Ai que saudade da dor da saudade que tive de ti!