BELA DEMAIS

Passa por mim essa bunda tão bela,

Redonda, perfeita, macia ao tato,

Lomba morena, onde se encastela,

Meu louco fetiche, impuro, safado.

Passa dançando, vai rebolativa

E deixa pregado meu cúpido olhar.

Mil bundas já vi, eis que sou do meio:

Nenhuma antes me fez engasgar.

Só me resta o sonho, sou operário,

Parco salário, mal posso gastar:

Vendo o almoço, garanto o jantar.

Tão belo traseiro é um relicário

Que guarda um tesouro de escura cor,

De cheiro estranho, de intenso sabor.

Aldir Bilac
Enviado por Aldir Bilac em 06/06/2007
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