BELA DEMAIS
Passa por mim essa bunda tão bela,
Redonda, perfeita, macia ao tato,
Lomba morena, onde se encastela,
Meu louco fetiche, impuro, safado.
Passa dançando, vai rebolativa
E deixa pregado meu cúpido olhar.
Mil bundas já vi, eis que sou do meio:
Nenhuma antes me fez engasgar.
Só me resta o sonho, sou operário,
Parco salário, mal posso gastar:
Vendo o almoço, garanto o jantar.
Tão belo traseiro é um relicário
Que guarda um tesouro de escura cor,
De cheiro estranho, de intenso sabor.