ENTRE PLACAS

Ao saber que o seu louco amor

poderia invadir minhas artérias,

apelei para os sinais de trânsito.

E, revisando antigas matérias,

sinalizei todo o percurso de minhas veias.

Deveria perder vários pontos na carteira,

pois, fugidio, evadia, em alta velocidade.

Nesta funesta e desabalada carreira,

com o motor, sempre em alta combustão,

não freava, sequer, na depressão.

Mão única, ponte estreita, pista escorregadia,

fui, então, me dando por vencido.

Na minha simulada rodovia

esse seu amor, jamais, poderia ser detido.

Agora, ele acaba de estourar uma cancela,

atravessando a última viela.

No centro do meu combalido coração,

nem vê a placa: "PROIBIDO ESTACIONAR."

Já que, não teve jeito, e, chegou até aqui,

neste descontrole desmedido,

terá que obedecer ao último sinal:

"RETORNO PROIBIDO."

Eliezer Ávila
Enviado por Eliezer Ávila em 03/04/2015
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