SEM HORA MARCADA

Sou tua hora mais discreta

Ou tua hora mais absurda

Tua hora mais poluída

Ou tua hora mais incerta

Tua hora marcada

Hora da presa se prender

E se perder dentro do labirinto da hora

A hora em que só o instinto se devora

De qualquer maneira

Nesta hora passageira

Sou eu que meche teus ponteiros

Sou esta hora que para e dispara

Em que contritas o pulso

E me expulso pra dentro de ti...

Esse tempo que não passa de agonia

Horário de verão horário de Brasília

E depressa passa quando

Já se foi não restou nem a vigília...

Tempo que com suas hábeis voltas

Segura em suas mãos a volatilidade

De nossas vidas envoltas em outras

O tempo alimentando hidraulicamente tuas clepsidras

Nas torres de vento de teu nascimento

As mortalhas tecendo cadáveres em pedras

E pedras não morrem jamais sem vida

O tempo maior larapio do mundo

Nos rouba o que demais sagrado temos

O verbo... e de repente vem o silencio profundo...

Sou hora de tempo ir

Sou tua hora vulcânica de explodir

Sou tua hora de faz-me rir

E embrionária é hora de ir-se embora

Quando a hora passa e o tempo nos devora

E eu não tenho pra onde ir neste existir

Porque o tempo só existe mesmo

No faz de conta que é agora...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 05/04/2015
Reeditado em 05/04/2015
Código do texto: T5195325
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.