Poema de Mãe
Uma prece junto ao galpão
Uma mão afetuosa entre os cabelos,
Refaço dias e dias,
Madrugada a fora.
Trazendo lembranças nuas
De amanhecer,
Parece que ainda sinto o gosto
Das manhãs frias de maio.
Olhar moreno, acalentando sonhos,
Peças dispersas
De perfeito quebra – cabeças,
No silêncio do meu adormecer.
De minha janela vejo as árvores a balançar,
Sem mesmo perceber que a vida
É mesmo assim,
Ao mesmo tempo é larga e fronteira.
Meus sonhos saem por aí,
Guardo meus silêncios,
Deixo que a alma me carregue
Ao alento de teu colo.
Voando longe com asas presas ao chão,
Madrugo estradas, espaireço no fim de tarde
Entre a copa do arvoredo,
Avaliado em alta quantia,
Do apreço que vale para mim.
Por companhia aos olhos dos outros,
O tempo por ser indelével,
Deixa as marcas da ausência,
Fria...
Carrego meu galpão, com janelas e tudo,
O olhar complacente,
Em seus olhos vejo meus erros
E guardo meus dias.
Revejo minhas memórias,
Deixo quietas as boas lembranças,
Num canto guardadas,
Do jeito que estão.
Aquecidas por ouvir
O breve cantar
Das suas palavras
Doces a me ninar...
Fábio Silva 13/04/2015.