Erotismos das Marés

Traiçoeiro mar,

Tua salinidade me invade as entranhas,

Entras em mim desvirginando as arreias,

Ternamente depositadas na baixa-mar

Violentas marés, tu que me invades a alma

Em espasmos repetidos com toda a calma

Nossas águas se misturam num fluido agridoce

Que agora me invades, na tua imensa liberdade

Outrora desejo, não mora mais a saudade

Investidas fulgurosas, ritmadas,

Todo meu corpo te envolve,

Se misturam, sabores, odores

Ao pico do estase, extenuados

Na calmaria da praia-mar,

Toda eu sou tu, sou mar!

Retornas, foges de mim

Revolvendo areias carmim

Perseguindo-te, contornando

Formas rochosas eretas ao céu

Avida, sedenta de desejo

Eu doce, anseio o teu salgado beijo!