discrepância

teu sangue é azul, blue, melancólico

e você continua caminhando tal como Carlos, sempre vertical

enquanto eu me debruço no teu peito com meu sangue vermelho gritante

que pulsa nas veias saltadas de todos os homens que mandei embora por te amar demais

eu sou a destruição de Hiroshima e Nagasaki

sou os cômodos alagados das casas atingidas por todos os Tsunamis da Indonésia

você é a calmaria que surge ao fim de tudo

a tranquilidade dos pais quando avistam o filho que pensavam estar morto

as flores que dão vida aos solos outrora devastados

e eu te cubro com meus destroços, amorteço a sua queda, te protejo de mim

teus olhos me pulverizam cada centímetro do corpo

e eu só me preocupo com a culpa que te transfiro por meio dos meus versos

eu deveria ser menos mental e mais corpórea, você sabe

mas eu poderia escoar minha libido como água na boca de todos os sedentos

e ainda assim me sentiria seca

pois é você que me exuma o corpo em putrefação e o transforma novamente em matéria viva

e eu continuo sendo essa catástrofe em forma feminina

que esmurra tuas paredes como um vento que antecede tempestades

quando queria ser apenas uma brisa suave tocando o seu rosto

serenamente

num fim de tarde de outono

Keuri Caroline
Enviado por Keuri Caroline em 26/04/2015
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