TEATRO DA VIDA-II- Amor de ontem e de hoje

Reafirmo, não sou cantor ou poeta

Que entoa canções e poetisa o amor,

Tão pouco trovador de antigas eras.

Sou escritor poeta narrando, em versos,

Os dramas do teatro da vida,

Com pinceladas à toas de um de pintor.

Recordo o Amor da década de cinqüenta,

Então, com sentido de “contos de fadas.”

Jovens idealizavam sonhos e fantasias

De eterno e sublime ninho de amor.

Bodas sob égide do manto de pureza,

Eram, com testemunhas abençoadas.

Olhares entre ambos trocados,

Bilhetes perfumados, romance iniciado,

Sob olhar consentido de uma tia,

Porventura, aprovado, família informada,

Amantes a elas apresentados, tudo formal,

O pacto de noivado era sacralizado.

Dançava-se em clubes esportivos,

Bailes eram nas casas das famílias,

Shopping para paquera não existia,

Dia dos namorados não se presumia,

Não havia baladas, forrô ou noitadas

Ósculos roubados não se permitia.

Mas, o apaixonado fazia serenata,

A certa distancia da porta da amada,

Enviava-lhe flores e presentes,

Tudo dentro de respeitoso requinte,

Que ela escondia e só a tia olhava,

Mas até a janela a vez era chegada.

Noivado e boda era pacto firmado,

Entre os pais dos noivos selados,

Sequer se presumia possível ruptura,

Só a morte separava um casal,

Com os tramites legais seguidos,

Namoro, noivado, boda, regrados.

Na década de cinqüenta, as famílias

Nas calçadas se reuniam em palestras,

Até então, só o rádio no Brasil existia,

A era da comunicação se expandia,

Da eletricidade se fazia economia,

No advento da TV, a familia se desunia.

Observo hoje, outra visão do amor,

Com jovens idealizando paqueras,

Em fantasias amorosas de “ficar”,

Sob a proteção de preservativos,

E construindo ninhos de amor,

Contrariando moral de outras eras.

Namoro de hoje não se fantasia,

Moças sequer dizem para onde vai,

Muito menos tem hora para chegar,

Dançam pelas baladas até o outro dia,

Namorados paqueram e jantam casa,

Portando proteção de camisinhas,

“ficam” até o raiar do dia e se vai.

No amor de ontem como no de hoje,

Os sonhos de sublime ninho amor,

Sofre os impactos da realidade da vida;

Do então, sob o manto eterno da pureza.

O atual, sob vínculo da incerteza,

De antemão prevendo ruptura no amor.

Escritor prolixo para a época atual,

Optei para escritor poeta para sintetizar,

Os assuntos que devo narrar,

Porém, temas do passado, muitos há,

Desculpe-me o leitor por o incomodar,

Mas falar do passado é difícil se parar.

Só quero lhe afirmar:

Amor do então, melhor não há.

Iran Di Valencia
Enviado por Iran Di Valencia em 12/06/2007
Reeditado em 14/06/2007
Código do texto: T523254