POR QUÊ?
Seja primavera de flores, seja desflorado outono,
Esteja triste o inverno ou radiante o verão,
Faça do amor, a cada instante, o seu Guardião,
Anjo velante que assiste o seu sono
No descanso da noite, e a sua labuta
Do dia, no remanso da paz, ou na correria da luta.
Em seu pomar interior,
Cultive o amor com sinceridade,
Apesar (ou por causa) do clima,
Porque, da alva ao ocaso da vida, do amor
Dependem a semente da autoestima
E a árvore da felicidade.
E eu, já com a alma quebrantada,
Afogada em lágrima profunda,
Crucificada e desfeita em partes,
Ouço a minha parte sobrevivente, que vos pregunta,
Agonizante, esquecida e consternada:
Amor que sempre amei, por que me abandonastes?